domingo, 31 de agosto de 2014

Não se apega não

... o “amor” que machuca e destroça, aquele que nos deixa loucos,
insanos, que nos faz passar por cima de nossos princípios, esquecer tudo aquilo que lemos e
aprendemos, brigar com amigos, família, ultrapassar montanhas pessoais para, no fim,
descobrirmos que estávamos lutando por uma causa infundada. Lutávamos sozinhos,
enquanto a outra pessoa só fazia correr e se afastar. Esse falso amor nos ensina bastante e
talvez seja um dos mais importantes na vida de todas as pessoas. Sabe aquele canalha que te
fez sofrer e chorar abraçada ao seu travesseiro por noites seguidas? Ele foi o cara mais
importante da sua vida. Está duvidando? Pois então vou te contar uma história...
Mulheres nascem sabendo amar — criaturas tão frágeis e inocentes. Elas têm aquela
pureza no olhar, aquele brilho que ilumina qualquer escuridão. O coração das mulheres
nasce de portas abertas e com um tapete de boas-vindas. Elas crescem escutando histórias
sobre príncipes e princesas, gostam de rosa e acham que o amor é a causa e a solução de
todos os problemas. Também admiram os próprios pais e sonham com o dia em que serão
iguais a eles, ou com o dia em que serão diferentes (já que o divórcio está em alta
atualmente). A verdade é que mulheres vivem em um conto de fadas que não existe. Que
nunca existiu. Que está ultrapassado e fora de moda. Ah, me esqueci de dizer que as
mulheres tendem a ter uma fé inabalável. Acreditam até o fim, e se o fim chega por que não
começar de novo? E elas acreditam, sonham e se agarram a esperanças, até o momento em
que ele aparece.Ele aparece porque ele sempre aparece mesmo, não tem jeito. No livro de cabeceira de
todas as garotas sempre há um capítulo dedicado a ele — o canalha que partiu seu coração.
Como sempre, ele chega de mansinho, pede para entrar, faz a sala, a cama e ocupa todo o
espaço. De repente todas as músicas parecem que foram feitas para vocês e que seu
estômago vai explodir cada vez que se veem. O olhar se torna vago, a fome desaparece e até
uma aula de Biologia soa poética. Aos poucos você esquece quem é, o que quer e quais
sonhos tem. Isso é o “amor”!
O “amor” pode ser perigoso se ingerido em doses altas. E, quando acaba o estoque, pode
ser fatal.
Finalmente chega o dia que irá mudar sua vida para sempre. Ele se aproxima com um
discurso planejado, daqueles que a gente treina em frente ao espelho para não sair do tom.
Enquanto cospe desculpas e frases feitas na sua cara, você não consegue escutar nada do
que ele diz porque está concentrada demais em não deixar que as lágrimas desçam assim
tão facilmente. Não na frente dele. E você apenas sorri e acena com a cabeça — já que isso é
o máximo que o seu corpo pode dar em retribuição ao que você não compreende. Não há
forças para pedir que ele fique, muito menos para contestar sua decisão — ela já foi tomada.
Vocês se despedem.
O caminho de casa nunca pareceu tão desgastante, e seus passos nunca soaram tão
pesados. Sente o coração sangrando e expulsando qualquer vestígio de amor que possa
existir ali dentro. E isso é dor. Rasga o peito.
Só mais cinco minutinhos. Você consegue, menina.
Mais alguns passos. Na segurança da sua cama e no abraço caloroso do seu travesseiro,
as lágrimas podem cair — e que caiam o tempo necessário para que o expulsem de seu
corpo. O que é engraçado é que você não está chorando porque ele se foi. Chora porque sua
inocência e sua pureza foram tiradas à força. Aquela menina que acreditava em contos de
fadas e sonhava com um amor para sempre desaparece.

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