sexta-feira, 30 de julho de 2010

Clarice Lispector

Aquele ar superior é que me irritava. A certeza que dizia ter não fazia sentido algum e me parecia mais uma forma de esconder-se de si mesmo e priorizar entendimentos alheios, em detrimento de si próprio. Queria falar dos sentimentos dos outros, qualquer aproximação com a sua vida sentimental, tocava um alerta e ele mudava de assunto sem que ninguém nem percebesse. Por hora, eu não entendia o motivo de tanta defesa e a necessidade em atacar pessoas até então seguras. Agora vejo que buscava respostas. Queria entender em que ponto havia errado. O que fazia tanta gente insistir em algo que machucava. O que tornava infinito algo que parecia findo. Agia em silêncio. Tinha medo em admitir que havia feito uma burrada. Precisava de apoio, mas não conseguia se render. Andava com medo do futuro, das horas incertas, dos novos desafios. Do tudo novo e de novo. Queria mais e melhor, mas não se dava conta de que doava menos que antes por medo de cometer velhos erros. Errava tentando acertar o futuro usando por base o passado. Mas enfim, quem sou eu para julgar ele ou qualquer outra pessoa, se não sei encontrar nem as minhas respostas? Como aconselhar a seguir em frente se nem eu mesma, às vezes, consigo me desvincular dos velhos erros? Toda conversa será inútil se o sentimento for limitado e todo caminho será sem rumo se o medo paralisar os passo.

'A vida serve é para se morrer dela '

Nenhum comentário:

Postar um comentário